quarta-feira, 29 de junho de 2011

A crazy post

Roubei esta frase de um blog de uma amiga que já nem sequer existe - o blog, não a amiga, se bem que aparentemente, ultimamente se anda a tornar moda fazer desaparecer gente querida - , a não existência podia até ser obra da minha irmã, mas até nem foi porque a magia não chega a a tanto. Como eu dizia, ela dizia :



"A vida volta nas suas voltas bizarras a sussurrar-nos o que sempre disse e não quisemos ouvir:
- Segue o teu caminho ao teu ritmo, tens ainda muito chão, estrada e pó. Utiliza os teus próprios dons e sobretudo atenta nas placas que mesmo viradas em sentido contrário indicam sempre qualquer coisa, até mesmo que te enganaste. Nunca te perdes, podes é chegar ligeiramente atrasada."

Ás vezes podemos até nem chegar onde pensámos,, mas chegamos sempre a qualquer lugar e vamos acreditar - sempre - que esse lugar é melhor do aquele de onde partimos.

E hoje é tudo, que estradas, mortes, velocidades e travessias parecem querer ocupar um lugar de destaque no prime time.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Madrugadas

Madrugadas sem sono. Gostava de saber porque me assaltam estas madrugadas - será que me assaltam ou que me preenchem, tomando as rédeas dos meus pensamentos?

Estamos as 3 sentadas. De cócoras, ou acocoradas para que não se note a diferença na estatura. De frente umas para as outras, formamos um circulo, o círculo da nossa vida.
Olhavamo- nos em silêncio. Estivemos assim durante muito tempo. Horas, dias, semanas, anos? Acabámos por nos desconhecer. A mais pequena de nós, uma noite, decidiu quebrar o silêncio:
- Quem são vocês, que me olham à tanto tempo?
- Somos a mesma- fez-se ouvir a mais velha.
- Deveria ter sido eu a fazer a ponte entre nós, mas perdi-me no silêncio observando as duas-foi a vez da do meio que continuou
- Tu, que não já não sorris, não te conheço, e de ti, pequena boneca, perdi-te a inocência e a espontâneadade.
-Foi culpa tua que te perdeste em observações, em vez de procurares a imagem que querias de mim. Foste tu que fizeste de mim aquilo que sou.
- Porque a culpas a ela, se fui eu , na minha pura inocência que lhe Imaginei um mundo que ela não chegou a conhecer, porque nunca existiu sem ser na minha cabeça. Talvez devesse ter procurado mais em vez de ter ficado em silêncio tentando desvendar as duas.
-Somos todas produto umas das outras e de nada nos serve apontarmos culpas. São tripartidas as culpas, tal como as três somos apenas uma em vários tempos e espaços diferentes.

Madrugadas sem sono, em que pequenos pedaços de sonhos me fazem reflectir. Se somos produto dos tempos em que vivemos, somos também produto das reflexões que fazemos sobre nós próprias. De nada vale ficarmos em silêncio a observarmo-nos se não sobermos dialogar com os nossos eus. Aquilo que seremos será sempre a projecção do que quisermos ser e ter, no presente. Foi a conclusão que tirei deste sonho, que me fez reflectir de onde será que venho, para onde quero ir?

sábado, 25 de junho de 2011

Puzzle de impaciências

Gosto de fazer o que me apetece, quando me apetece e detesto quando o que tenho à mão não me serve.
Dizia-te que nem sempre o que nos sai da boca e das mãos é igual ao que nos sai da cabeça e tu dizias-me que a minha impaciência ainda haveria de me estrangular.
Irónico que não a minha, mas a tua impaciência te tenha deixado ficar pelo caminho.
Agora dizem-me que é normal que me custe deixar-te ir. Que leva o seu tempo para que faças o caminho sem volta da tua partida.
A minha vida ficou baralhada. São uma série de peças soltas que não encaixam. E a minha impaciência faz com que me apeteça muitas vezes deixar-me cair.
Impaciência, impaciente. Bolas! E a vida que teima em não andar para a frente.
Sábado. Está calor. Gosto de fazer o que me apetece, quando me apetece e detesto quando não sei o que hei-de fazer a seguir.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O palco da existência

Hoje, joguei as mãos à obra e tentei encontrar o tal novo emprego que à tempos procuro. Já que tudo mudou, porque não mudar também eu, pela minha vontade, a minha vida.
Nos intervalos devidos, de almoço ou pequenas pausas faço telefonemas.
Enquanto tomava café, desistindo por momentos do telefone, veio-me isto à ideia:

A morte está deitada no chão, tal como a deitam, sempre que a encaixotam num enorme paralelipipedo de madeira. Parece-me justo, a morte normal transforma a pessoa em pedra. Calçada que fica, só caminhará daí para diante pelos passos das lembranças dos outros.
Mas não é essa morte que vejo, é outra, a morte das cartas de tarot, a morte como transformação.
Dizia: a morte está deitada no chão. E quem é esta morte? A sociedade pois então ! Por enquanto está deitada no chão. Na verdade ela não sabe muito bem que posição assumir. Por isso, por enquanto, deixo-a deitada no chão, meio estática, em posição ancestral, na posição que a convenção, mandou a morte assumir.
De cóqueras debruçada sobre a morte está a convenção. Que posição desconfortável tem agora a convenção. Tempos houve em que se mantinha de pé, altiva. Agora mantem-se dobrada sobre si mesma, segredando aos ouvidos da morte, torrando-lhe a paciência e instigando - a a manter-
se quieta, firme, no seu lugar, para que ela própria - a convenção, claro está - se levante altiva de novo e ocupe o seu antigo lugar, caminhando de braço dado com a morte, que se encontra agora moribunda.
Sentada no chão, de perna cruzada, alheia a tudo está a vida. Que autista me saiu. Comporta-se como se não fosse nada com ela. Sai dessa eterna posição descontraida com que observas tudo, sai ! Vai preocupar-te com o que está mal! Descruza as pernas e mexe-te. Que raiva!
Sentada na cadeira, agora, a observar em silêncio, está a humanidade. Não as pessoas todas do mundo, não , que exagero. É a humanidade daquilo que nos faz humanos. As características que nos tornam homens e mulheres. Humanidade portanto. Está sentada, a observar. Parece cansada. Aposto que de quando em vez ainda dialoga com a morte, põe algum juízo na convenção e é sem dúvida com ela que a vida gosta mais de estar. No fundo, por agora mantêm-se as duas sentadas. Como se estivessem cansadas e não lhes apetecesse tomar as redeas do caminho que deviam percorrer. Sentaram-se, descansam, preguiçam. Bah!
E de pé, de pé lá está ele, um homem claro, fazendo bulir à sua volta uma série de anões - demasiados para mim, que barafunda- dos quais só alguns consegui identificar, já que se movimentam em loucura, quais electrões em orbita, prontos a chamar continuamente a atenção do dinheiro - não vos tinha dito? O homem é o dinheiro. Vi o anão do trabalho, o do ciúme e o da inveja. Vi o do cansaço que tentava virar as costas ao dinheiro pegando na saude ao colo e vi o da garganeirice, vulgo forreta, que tentava retirar ao dinheiro todos os bocados que pudesse para guardar para si.
Conclusão: não tenho ainda emprego novo, mas tenho imaginação, por isso irei conseguir. Outra das conclusões a que posso chegar é que provavelmente, esta coisa de existir é um palco, que todos vemos e onde cada um interpreta os personagens à sua maneira.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Memórias de Verão

Chegou o Verão, veio ontem. Parece ter apanhado boleia de alguma onda de calor. O Verão só pode ser surfista.
Estes dias de solestício fazem-me lembrar a infância. Marcavam o inicio de uma nova era, uma nova geração, em que tudo poderia acontecer. Com o fim da escola próximo, as férias, enormes, esperavam por nós. Tempos sem aparente fim à vista, onde brincadeiras se iriam multiplicar em mundos de fantasia que só cabem nas horas compridas dos dias quentes. Lá longe, no horizonte, um novo ano ia tomando forma.
Todos os anos uma terra nova faria parte do nosso mundo. Nunca o Brasil, esse Brasil distante que a minha mãe sonhava e o meu pai afastava.
Desses lugares traziamos histórias, memórias e com elas iamos construindo com fios delicados de esperança, um novo ano. Sim, porque o nosso ano começava no fim do Verão, com os olhos cheios do tudo novo que conheceramos e os bolsos carregados de vontade de trocar experiências como se fossem cromos ou berlindes.
O Verão chegou e com ele o calor. Talvez me consiga aquecer este Verão, e no final também um novo ano e uma nova vida esperem por mim.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sonhar contigo

Esta noite sonhei contigo.
Vivi-te de novo como se estivesses aqui.
O teu rosto, envolto na névoa que a distãncia etérea nos traz, indefinia-se em brumas de cor e escuridão.
Eras tu.
Sei-te de cor para te achar até para além dos portões do intransponível.
Tocavas-me com os teus dedos longos, tão longos que no meu sonho chegavam para me abarcar o corpo todo.
O teu toque, esse toque quente, de pele humida, vivente, querente, querendo-me.
- A tua pele chama por mim- o que tantas vezes me disseste quando só ao toque me sabias pronta. Pronta, para ti, pronta para nós, pronta para o sonho que era caberes em mim, como se fossemos as duas únicas peças possíveis daquele sonho.
Era um sonho caminhar pelo teu corpo ao toque das tuas mãos.
Foi um sonho. Soube-me ao pouco, que nada foi quando ao acordar não estavas, não estarás - teimo em negá-lo.
Ficou-me o sabor dos beijos que ainda me ardem na saudade. Teima em chorar o meu peito, ainda em dor, onde dói o sonho que em mim deixas.
O teu rosto envolto em névoa.
Tenho receio que a névoa envolva para sempre a memória do teu corpo, que os beijos se desfaçam do seu sabor, qual goluseima que teima em dissolver-se na boca. Receio.
Que mãos saberão, como as tuas, guiar-me de novo pelos caminhos do meu prazer?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Amanheceu

Amanheceu outra vez.
A vida é teimosa.
Insiste em cumprir, sempre o rigor circadiano.
Perdi-te numa curva qualquer, mas a vida não quer saber. Continua. Acordo. O despertador tocou. O telemóvel mudo. Preparo o banho. O telemóvel mudo. Faço do chuveiro o meu spa matinal. A garganta apertada, insiste em lembrar-me que há algo errado com este dia. O telemóvel não toca.
Manhã outra vez. É de novo manhã na minha vida. Vou começar de novo. Procurar emprego, procurar lugar. Ligar o antes com o depois. O telemóvel já não tocará mais o teu número. Outros irão tocar.
Será manhã outra vez.

Rosas de pedra, estátua de fogo

E toda a água que caiu, lavou-te a dureza? A pedra do teu descontentamento?
Quem te julgas estátua? guardando as rosas do jardim que não floresceu...
Acordo, adormeço, acordo dormente, na dormência dos braços e pernas frios ( estátua) . Que sonho foi este onde no jardim só floriam flores de papel? Papel da fantasia. E tu estátua. Cinzenta . Pedra.
Que pedra negra é aquela que tem poder de cristal?
Onix.
E cristaliza?
Não sei a unica que vi foi no parapeito da janela dela ( o dedo apontando em estátua, à estátua)
Levanto a saia, as pernas em dormência ainda. Que rosas de papel são estas que me ocupam o jardim dos sonhos, o jardim dos pensamentos?
Não toques, não ponhas a mão...
A estátua arde em febres que não compreendo...
E as rosas sorriem. Em estatua me fico de novo...
Chega-te ao pé de nós.
Não gosto de aperitivos, prefiro-as rosas, mesmo que em papel de fantasia. E eu estátua, sonhando mais do que nozes. Sonhando vozes gritando na noite, que a estátua afinal morreu... fundindo em si o metal precioso do calor de um corpo que se deu

domingo, 19 de junho de 2011

Luto

Podia vestir-me de luto, podia, se me deixassem, mas não me deixam.
De que falava eu ultimamente? De ovos. E eis que me deparo com o maior dos ovos de colombo. Como equilibrar a vida?
A vida que é feita para se viver intensamente.
Podia vestir-me de luto, não visto porque não me deixam.
Equilibra-te, vive intensamente. Queres vir ?
3 segundos, dos 0 aos 100. Anos de memória é o que fica.
Mudar de novo, a vida que se quer vivida intensamente, mas não dos 0 aos 100, em 3 segundos.