segunda-feira, 27 de junho de 2011

Madrugadas

Madrugadas sem sono. Gostava de saber porque me assaltam estas madrugadas - será que me assaltam ou que me preenchem, tomando as rédeas dos meus pensamentos?

Estamos as 3 sentadas. De cócoras, ou acocoradas para que não se note a diferença na estatura. De frente umas para as outras, formamos um circulo, o círculo da nossa vida.
Olhavamo- nos em silêncio. Estivemos assim durante muito tempo. Horas, dias, semanas, anos? Acabámos por nos desconhecer. A mais pequena de nós, uma noite, decidiu quebrar o silêncio:
- Quem são vocês, que me olham à tanto tempo?
- Somos a mesma- fez-se ouvir a mais velha.
- Deveria ter sido eu a fazer a ponte entre nós, mas perdi-me no silêncio observando as duas-foi a vez da do meio que continuou
- Tu, que não já não sorris, não te conheço, e de ti, pequena boneca, perdi-te a inocência e a espontâneadade.
-Foi culpa tua que te perdeste em observações, em vez de procurares a imagem que querias de mim. Foste tu que fizeste de mim aquilo que sou.
- Porque a culpas a ela, se fui eu , na minha pura inocência que lhe Imaginei um mundo que ela não chegou a conhecer, porque nunca existiu sem ser na minha cabeça. Talvez devesse ter procurado mais em vez de ter ficado em silêncio tentando desvendar as duas.
-Somos todas produto umas das outras e de nada nos serve apontarmos culpas. São tripartidas as culpas, tal como as três somos apenas uma em vários tempos e espaços diferentes.

Madrugadas sem sono, em que pequenos pedaços de sonhos me fazem reflectir. Se somos produto dos tempos em que vivemos, somos também produto das reflexões que fazemos sobre nós próprias. De nada vale ficarmos em silêncio a observarmo-nos se não sobermos dialogar com os nossos eus. Aquilo que seremos será sempre a projecção do que quisermos ser e ter, no presente. Foi a conclusão que tirei deste sonho, que me fez reflectir de onde será que venho, para onde quero ir?

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