sábado, 30 de julho de 2011

A evolução do espécimen

Prometi que não voltava a falar de ti, para não lembrar o luto, já que tenho necessáriamente que o fazer. Mas a verdade é que vives-me ainda no pensamento por muito que te cale na boca.
É verdade que te tentei substituir, mas pessoas especiais são insubstituíveis e eu não consigo conceber, por enquanto, um upgrade de ti, na minha vida.
Tenho a noção que a teoria da evolução nos diz que só os mais adaptados sobrevivem, mas eu não me adapto à falta que fazes em mim.
Recordo todos os pormenores, mas a tua voz sumiu-se como se fosse uma música que cantarolo sem conseguir lembrar a letra.
Tento evoluir. Sei que talvez encontre um especimen que me faça de novo voltar a rir sozinha, por me lembrar dos seus pormenores, mas por enquanto hajo como a natureza, muito lenta na evolução.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O fenómeno da imitação

Ser gémea é nascer com a igualdade no sangue. É crescer com um espelho imitável e imitador. Até surgirem as diferenças: no lidar com os outros, com o mundo, com o que vamos encontrando pela frente.
No inicio só a igualdade tem sentido. Queremos ser iguais, confundir-nos com o outro ser, que todos julgam idêntico. Depois vem a necessidade de identificação. De saber quem somos, porque não somos uma e só uma mas duas, distintas. Os timings são diferentes e nem sempre a tentativa de superação da igualdade visivel é fácil de aceitar.
A fantasia não foi dividida em porporções iguais e aceito as condições da vivência numa lógica de protecção e compreensão das diferenças. Porque amar é sobretudo aceitar que o outro se sente bem em condições completamente diferentes das nossas.
Não nasci com a poesia nas veias, mas emociono- me com facilidade, opino, sabendo de antemão que posso nem sempre ser compreendida, como nem sempre compreendo ou concordo. Isso faz parte daquilo a que chamamos diálogo e que faz de nós seres com capacidades diferentes. É o fenómeno da linguagem, que se aprende sempre, também, por imitação. Não concebo a falta de diálogo entre os seres humanos, muito menos quando se querem bem. Daí a importância do salto que é necessário dar, desde a fase da imitação até à da identificação.
E nada disto é segredo, e nada do que aqui está escrito é surpresa. Porque antes de o escrever sinto-o e sobretudo compartilho com aquela foi concebida ao mesmo tempo que eu.

Eu sei que é uma reflexão pessoal e que pouco vos pode dizer, mas hoje por motivos especiais apetece-me explicar o quanto pode ser difícil conviver com um ser aparentemente igual a nós.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A ditadura do giro

Gosto porque é giro, fiz porque é giro.
Mas afinal o que é essa coisa de ser giro? Um giro ( bonito!), uma volta, um passeio?
Serão decisões tomadas numa base de mobilidades ou aparências?
Já ninguém decide. Faz-se porque é giro, parece giro, parece bem.
Parece-me mal, muito mal! Parece-me que ninguém quer ter responsabilidade de assumir a decisão.
Fiz porque sim, porque me parecia bem assim! Errei ou não.
Infelizmente o "fiz porque é giro" aplica-se a todos os campos de vivências: tenho esta relação porque é gira, ou a/o companheiro é giro ou é giro quando estamos juntos; tiram- se cursos giros que estão na moda, mas que não se sabe o que fazer com eles no futuro.
Depois vem a vida real, que não é gira e pressupõe dificuldades. O companheiro perde a graça e toca a mandá-lo dar um giro. O emprego não chega, não realiza, não preenche e a vida fica sem graça. Entretanto com tudo tão giro, não se aprendeu a tomar decisões, a assumi-las e a perceber como se faz quando se erra.
É deprimente a ditadura do giro. É bom aprender a saber o que se quer e porque se quer. O poder de decisão é o maior poder que se pode ter na mão e não pode ser utilizado na base da moda do mais giro, ou a vida pode vir a ficar feia.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Desculpem lá qualquer coisinha

http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13462360/1

E desculpem lá a publicidade, mas ó melgas da moody`s esta  tinha mesmo que partilhar, porque estes são uns tempos extraordinários em que podemos fazer coisas extraordinárias!!!

Demais!!

Adoro fazer parte deste lixo português

sábado, 23 de julho de 2011

Deixem viver os anónimos !

Ontem fui dançar, ou melhor, fui tentar dançar.
A meu ver é triste descobrir que já são poucas as pessoas que saem para dançar ou para se divertir.
As pessoas saem para ver outras ou para serem vistas e não digo isto no sentido de encontro, mas no sentido de puro voyarismo. Medem-se roupas, penteados, comportamentos. Qualquer um quer ser " apanhado" numa objectiva, como prova do seu estado in, dos seus encontros em locais populares e populosos. Dançar ou divertir-se tornou-se um acessório dispensável a esta nova forma de estar em que é muito mais importante parecer ou aparecer do que propriamente estar e fazer por simplesmente se gostar.
Nas pistas as fotos em pose tiram os lugares aos que gostam de sentir a música, chegando ao ponto de sermos nós, os orgulhosamente anónimos que nos sentimos a mais e deslocados das passareles onde a música serve apenas de desculpa para manter a cultura da exposição.
Quem está mal muda-se e foi isso que acabei por fazer, antes que alguém me viesse dizer: " Por favor, tente não incomodar o trabalho do fotografo com os seus movimentos" quando de facto é o trabalho e a cultura instituida pelos que só se querem mostrar que incomodam o divertimento e o movimento dos que não necessitam mostrar que sabem como se divertir.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Regras, excessos e liberdades

Nem todos gostam de regras. Suponho que, a maioria considera o excesso de regras como um atentado à liberdade. No entanto as regras existem, na maioria das vezes para proteger as liberdades daqueles que, por qualquer motivo, não conseguem defender-se dos excessos alheios.
A nossa sociedade foi construída com base em regras, mas qual de nós não se excedeu já, por algumas vezes, contornando ou ignorando as regras determinadas? Ou por descuido, ou por simples facilitismo ou só por não concordar com elas.
Quantas vezes, devido a esses actos excessivos ou desregrados não atropelámos as liberdades alheias? Muitas vezes sem consequências, outras vezes com algum tipo de prejuízo para alguém.
Diz-se que a excepção é a confirmação da regra ou que as regras foram feitas para serem quebradas.Convenhamos, o português adora infringir qualquer pequena regra, desde que a considere sem sentido prático evidente. E excusam de dizer que não! O trânsito é disso o exemplo mais comum, assim como os atropelos a qualquer tipo de fila de espera, ou até o ignorar das prioridades a conceder aos idosos e ás gravidas. Adoramos olhar para o lado e assobiar, fingindo nada saber.
Pergunto-me muitas vezes se o estado a que chegámos não é de facto um reflexo deste ignorar das regras de boa conduta que permitem proteger as liberdades. Agora assim nos encontramos, à mercê das regras alheias. Porque não conseguimos ou não quisemos exigir a quem tinha o direito e o dever de as delimitar e as fazer cumprir.
Não sou a favor de excessos nem de limitações mas sou a favor de uma vida melhor para todos, em liberdade e para isso é necessário que existam regras.

E isto tudo porque levei uma multa de mau estacionamento e pela primeira vez na vida percebi que por mais voltas que queiramos dar às coisas , não podemos ter sempre razão. O melhor, nos dias que correm, para os nossos euros não correrem para os cofres do estado, é cumprir com as regras e exigir aos outros que também as cumpram. Por muito que isso nos possa custar! @#&//,,$&#&

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Conversa de rua

O dia foi chato. Mesmo sabendo que para quem está de férias, os dias não têm estado de ventos favoráreis, estar sentada a uma secretária um dia inteiro, com telefones a apitar constantemente nem sempre é fácil. Mas isso nada tem de extraordinário e não é nada que não seja provavelmente vivido pela maioria de nós. Só que todos os dias algo extraordinário acontece, nem que seja uma coisa mínima.
Sentei-me, sabe-me bem uma coca-cola numa esplanada antes de chegar a casa. Na maior parte dos dias nem volto a sair.
O táxi parou um pouco à frente, junto ao passeio e ele saiu. Entre os 50 e os 60 provavelmente ( eu sei que é uma diferença grande, mas há pessoas a quem é quase impossível saber a idade). Na esplanada nem uma mesa vaga. Perguntou-me se podia sentar-se, eu acenei que sim, sem querer dar muita confiança. É engraçado como nos gostamos de manter mais ou menos invisíveis quando não conseguimos dizer não.
O monólogo começou aí. Sem o minimo pudor, mas com todo o respeito, em cerca de 20 minutos fiquei a conhecer a história do senhor, das filhas e do pequeno neto. Sem dar por mim, partilhei com ele histórias da minha vida, pequenas aventuras e ocasiões daquelas que nos marcam pela sua curiosidade, as ditas coisas inéditas. Rimos. Ele pagou, saiu e foi à sua vida. Eu fiquei mais um pouco a ver o sol descer. É giro como nos dias que correm falamos com pessoas distantes, que nunca vimos, através da tecnologia, partilhando tanta coisa e como nos sentimos por vezes intimidados por fazer exactamente o mesmo com quem se senta ao nosso lado. Há pessoas que têm o dom da palavra, o dom de nos fazer sentir bem ao conversar e são essas que nos fazem, ainda hoje, acreditar que há quem goste de partilhar só pelo prazer contar, de falar de acompanhar. Foi diferente, foi sobretudo reconciliador.

sábado, 16 de julho de 2011

Águas que se passam

Há coisas que é melhor não tentar entender.
Há pessoas que não são para serem entendidas. Eu sei do que falo, é uma questão de genética. São o que são e ou se gosta ou não.
Não vale a pena tentar entende-las ou modifica-las com um risco grave de transformar a essência ou provocar rupturas irreparáveis. Ou se gosta ou não se gosta ou se aceita ou não se aceita.
As pessoas que são como grandes barragens. Um rio muito ténue adiante, um enorme lago nas traseiras e se por acaso as barreiras que as contêm começam a ganhar fissuras o melhor é não mexer muito nas estruturas, tentando apenas pequenas reparações locais, com o risco de provocar a derrocada total e soltar um enorme caudal de água que só provocará destruições. Se não houver reparações possíveis? Que se construa outra barragem então num outro local e se abandone a que ficou inutilizada.
É uma filosofia, como outra qualquer, das muitas que circulam agora por todo o lado. Uma pessoa nunca muda integralmente ou radicalmente. Consegue ou não adaptar-se às circunstâncias e nós que vivemos em redor de muitas pessoas só temos que as aceitar como são, na nossa convivência ou negar-lhes a entrada no canto que escolhemos para viver.
É tão simples como beber um copo de água.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O meu relógio nunca vai ter ponteiros II

Está tudo ao contrário.
Que Verão é este, quando se fala de aquecimento global? Eu sei que as alterações previstas vão muito além do simples aquecimento geral dos locais e que se prevê que alguns pontos do planeta alterem as suas condições climatérias, mas ainda assim, que Verão é este?
A metereologia é uma ciência incerta. Se temos a certeza que os glaciares estão a derreter e os níveis de água do mar estão a aumentar ( que o demonstre a "minha" pobre caparica) o que acontecerá além disso, pelos vistos, ninguém sabe.
Aquecimento, nem vê-lo. O Verão está frio e estranho, as águas parecem mais frias do que antigamente ( pelo menos é o que sinto) e não me venham dizer que não choveu a potes este Inverno.
É como eu digo, está tudo ao contrário.
Ninguém se entende no que fazer e como fazer e ninguém quer perder os benefícios que a exploração do petrólio e o excessivo consumo de produtos nocivos para a atmosfera pode trazer.
Até aí eu entendo. Quem é que gosta de perder regalias? Mas inventa-se tanta treta neste mundo, será que ninguém é capaz de inventar um produtor de ozono? Alguma coisa que transforme o CO2 num outro qualquer produto não poluente? Não me parece que isso fosse prejudicar nenhum grande loby produtor seja do que for.
Por isso digo : está tudo ao contrário. Tentam-se consenços quase impossíveis porque se sabe de antemão que alguns países não vão fazer conseções, gasta-se dinheiro em planos que ninguém parece querer atingir e esquece-se que a natureza humana é mesmo assim, detesta sacrificios mas adora desafios. Ponham então o engenho a funcionar em prol do ozono, ok?
E é por estas e por outras que o meu relógio nunca vai ter ponteiros...porque eu nunca consigo acertar com a lógica temporal e funcional do mais comum dos seres humanos.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ser amigo ( com ou sem osso )

A ler uma crónica dessas das revistas de mulheres, que se lêm para manter o espirito de gaja em on, falava-se sobre amizades. O novo paradigma das amizades versus solidão num mundo aparentemente mais próximo ( ou realmente mais distante? )
A certa altura chamaram-se aos amigos virtuais desossados( ?) .
E eu pergunto o que é mais importante num amigo? Osso sem o minimo de calor humano ou desossado mas que me compreende e pode ter tantos pontos em comum?
Acho este problema um falso problema ( tal como a autora da dita crónica) porque por detrás de um alguém virtual vive sempre um alguém real. As pessoas são solitárias por natureza, divertidas por natureza, mentirosas por natureza, bondosas ou maldosas ( por natureza... acho que naturalmente não estou a exagerar nas naturezas) e não é a virtualidade ou a realidade da questão que vai alterar a natureza do ser humano.
Quem está longe pode ficar perto e há um mundo de portas que de outra forma poderiam não se abrir.
Os dados continuam a ser dados os menos dados podem-se tornar mais dados.

É um dado adquirido!
( hoje estou um tudo ou nada repetitiva mas é uma questão mais que batida e rebatida, o ser humano é o que é, quer seja aparentemente ossado ou nem por isso)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A segurança de um rebuçado

Se me perguntassem o que gostaria de vender?
Rebuçados.
Vender seguros implica lembrar constantemente a alguém todo o mal que lhe pode acontecer se não comprar isto ou aquilo, se não fizer isto ou aquilo. É ser quase uma vendedora de sonhos em possível colapso permanente.
Os rebuçados são doces. Fazem mal, toda a gente sabe, mas adoçam a boca e dizem que o açucar é bom pros nervos. E nervosos andamos nós. Demais. Tanto que já nem um seguro se vende com medo da despesa e já ninguém quer saber que mais coisas ruins lhes pode acontecer.
Um rebuçado é barato e mesmo que se fique com peso na consciência do ter comido, o pequeno momento de doce prazer ninguém mais nos pode tirar.

É um facto consumido, detesto seguros.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O meu relógio nunca vai ter ponteiros I

Está tudo ao contrário.
Como?
É como te digo, para mim está tudo ao contrário.
Repara na lua. Dizem que a lua é como as mulheres, que tem fases, que possui capacidades de atracção e repulsão, enfim, tás a ver?
Hum...
Pois eu acho que está mal feita a comparação. A lua é como os homens, tem fases e só muito poucas vezes se mostra completamente, gosta de viver na penunbra e pouco ilumima os locais por onde passa, mesmo assim a sua pouca luz chega para criar sombras assustadoramente fantasmagóricas que podem tomar todas as formas.
As mulheres não, as mulheres são como o sol. Iluminam tudo por onde passam.
É verdade que algumas aquecem um pouco demais e tornam-se secas, áridas, mas quando estão, estão, e se não estão, não existe o mínimo vestígio da sua presença. Quando perdem o brilho, abrigam-se por trás das nuvens e são elas, as nuvens que choram e nunca a mãe sol. O sol dá vida, tal como as mulheres e pode ajudar a tornar tudo mais belo, mais quente, mais alegre.
Não te parece que tenho razão?
Se te dissesse que não, valia de alguma coisa ?
Não. Os meus pensamentos valem tanto como o meu relógio sem ponteiros. Quando os miro podem contar as horas que eu quiser
e é por isso que gosto tanto deles, dos meus pensamentos e do único relógio que dá as minhas horas certas.

sábado, 9 de julho de 2011

Aprendizagens

Aprendi que há sonhos pelos quais se deve lutar e outros que servem apenas para serem sonhados.
Aprendi que aprender é bom, mas as aprendizagens devem ser bem orientadas, auto-apredizagens levam a lacunas dificeis de colmatar.
Aprendi que nem tudo o que reluz é ouro.
Aprendi que o ser humano é de todos o mais mutável e consegue mudar o que deseja, o que pretende e o que sonhou,num instante, quase como num passe de mágica.
Enfim, aprendi a aprender que se não for eu a controlar o que pretendo, nunca alcançarei objectivos que me façam realmente feliz.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O lugar das coisas

Um lugar para cada coisa, cada coisa no seu lugar. Foi uma das coisas que me ensinaram.
O pior é quem nem todos somos criaturas arrumadas. Mas até na desarrumação é necessária alguma ordem.
Cá em casa é assim. Quando a desarrumação começa a ficar demasiado gritante e não consigo encontrar algo que pela minha ordem de ideias deveria estar num determinado sitio, é o caos.
E o caos define-se pela total ausência na capacidade de encontrar lógica seja no que for.
São essas as alturas urgentes de arrumação, ou pelo menos tentar repor o lugar das coisas e as coisas no seu lugar.
Muitas vezes a vida parece funcionar tal e qual como a manutenção da nossa casa.
Quando tudo parece estar fora do seu lugar é necessário parar e repor algumas ideias no seu devido compartimento, tentando encontrar o espaço ideal para que não mergulhemos num caos, sem rumo e sem objectivos.
Definir objectivos? Pois, isso já depende de cada um e da sua aptidão para manter a ordem das coisas.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A bolha a rebentar

Lixo. A palavra que está na ordem do dia. Avaliação. A palavra que nos persegue como se fosse um abutre à espera de nos roer os ossos após a queda.
Afinal, quem é que nos avalia? Que agências são estas e de onde vêm? Não é suposto sermos avaliados por quem nos está a observar o desempenho? Vivemos numa bolha. Uma bolha de ratings, de traddings e de coisas que ninguém sabe o que é, que ninguém viu ou palpou de facto, mas que avaliam constantemente o nosso desempenho. Como ninguém vê ou sabe o que é, ninguém pode questionar os critérios (e de novo a avaliação, alterando os critérios que ninguém sabe quais são porque não se sabe muito bem quem se avalia).
É um circulo vicioso, de regras viciadas que tem o pernicioso resultado de insultar o orgulho de um povo ( já nem digo de uma nação, que para ser nação é preciso autonomia, mas a bolha da especulação tornou-nos totalmente dependentes dos ratings(?) ) .
E reflectimos isso no dia a dia, porque as pessoas são espelhos umas das outras. Especula-se que fulano é isto e fez aquilo, e a prova é desnecessária, porque se especulou ,e hoje as probabilidades de isto ou daquilo são muito mais importantes do que o que realmente é.
Quando eu andava na escola, qualquer ciência começava por: temos um problema ( ups!). Como vamos resolver esse problema? Uma hipótese! Funciona ou não funciona? Muito bem!
Hoje começa tudo ao contrário: avaliamos- ups temos um problema! vamos resolve-lo perguntando a quem avaliou: que hipoteses temos de nos safar?
Por isso digo, vivemos numa bolha, que ninguém sabe do que é feita, mas que ninguém se interessa em perguntar, interessa é que a nossa bolha seja tão boa ou melhor que as outras, para ninguém a querer rebentar.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O fruto do que queremos

A mornidez tira-me do sério. Gosto de atitude. Não me refiro a gritarias ou demonstrações exuberantes que muitas vezes denunciam insegurança ou um querer desesperadamente marcar uma posição. O que eu gosto mesmo é da calma de quem sabe o que quer e como quer. É dificil ser sempre assim, provavelmente ninguém o é . Por isso gosto dessa face que estou a descobrir em ti.
Não me agradas só por agradar, agradas porque te apetece, quando te apetece, sobretudo não exiges que te agrade a ti.
Não dizes a tudo que sim, em tentativas infantis de agradar - a mornidez exaspera-me! - não deixando que nos transformemos em autênticos fantoches do teatro social dos namoros.
Por isso tenho vontade de colher o fruto do que me dás. A verdade que me ofereces deixa que seja eu a querer-te a ti e tu a queres-me a mim e não ambos, ou um de nós, a querer paixão, emoção ou sensação ou que lhe quiserem chamar. Porque é das pessoas que devemos gostar e não das situações que elas nos podem dar.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Eu como eu, ou como tu ? - Perdidos em nós

Ontem, um famoso programa de televisão deixou-me a pensar como aquilo que somos e acreditamos pode ser tão importante para nós.
Sentir-mo-nos assaltados na nossas formas de estar e de pensar pode ser desgastante, mesmo que muitas das vezes saibamos que o que nos dizem ou impõem tem algum sentido à luz de outras culturas ou outros pontos de vista. Mas não deixa de ser desgastante, frustrante e muitas vezes condutor de atitudes menos bem conseguidas. E depois chega-se àquele ponto fundamental: deixar o bom senso tomar as rédeas e por-nos o melhor que conseguimos na pele do outro ou romper com as cordas que nos puxam e nos atam mantendo intacto o nosso eu e todas as limitações de aceitação. É tão natural que por vezes nos sintamos perdidos em nós.

domingo, 3 de julho de 2011

O dia do depois

Domingo é o dia do depois.
O dia depois da festa, o dia depois do sábado, o melhor dia da semana. É aquele dia em que o despertador não toca e em que os lençois acolhem toda e qualquer indisposição matinal.
Por vezes gostava de aproveitar mais as manhãs de Domingo. Demasiadas vezes desaproveitamos as oportunidades que nos dão os Domingos de manhã. Os passeios matinais, as caminhadas, as visitas aos mercadinhos de rua ou o simples passear, o encontro com os amigos àquela hora a que ninguém desconfia.
É certo que as manhãs de Verão pedem praia, mas nem todos os dias são de calor e há tanta coisa que se pode fazer para con_viver que o dia do depois pode ser um desperdício, se não for bem aproveitado. É levantar e aproveitar.

sábado, 2 de julho de 2011

Do ser ao querer ser

Costumava fazer uns rabiscos. Arabescos como lhes chamava a minha irmã. Perdi-lhes a vontade quando fui sendo absorvida pelos afazeres do dia a dia: a escola, depois o trabalho, mil e uma coisas que me pareciam bem mais importantes. A verdade é que gostava de ter aprendido a rabiscar. Mas fiquei no gostava. Faz lembrar aquela publicidade que andou por aí, um dia ainda...
Há sempre qualquer coisa mais importante, mais urgente e as coisas vão ficando para um dia. Depois, um dia, encontras alguém totalmente novo na tua vida, um amigo, uma amiga. Entre conversas e trocas de experiências, entre os caminhos que as pessoas percorrem para se conhecerem e darem a conhecer lembram-se das coisas que gostavam e volta a vontade. A dúvida reside sempre em deixar-se ficar na mesmice ou procurar, tentado fazer aquilo que um dia se pensou fazer. É a diferença entre o ser e o querer ser e é nesta diferença que pode estar a chave da realização pessoal.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Mulher novamente

Talvez seja cedo demais. Tem tempo, dias, horas contadas, o tempo que nos devemos resguardar? Resguardar do quê? Do sentir, da vida?
Vi por aí em muito lado chamarem-lhe borboletas no estômago. Desculpem? Eu não tenho borboletas no estômago, eu, ligo-me a uma corrente eléctrica que me vem das entranhas do ser e como fio condutor de um prazer agudo me percorre o corpo, de baixo para cima, e me seca a garganta tornando as palavras inúteis, fúteis e semi-rídiculas.
Foi assim que me senti sempre da primeira vez que vi os homens que fizeram parte da minha história.
Confesso, sinto-me culpada, talvez seja cedo demais, mas que culpa tenho eu de ter um corpo e desse corpo despertar só por te ver. Só de te ver.
Falei-te; banalidades. Dois beijos e o rubor que tentei disfarçar para ninguém ver. Rídiculo. A paixão, o interesse o despertar dos sentidos vê-se à distância - para mim até cheiro próprio tem.
Ridículo é querermos esconder aquilo que o corpo mostra, a corrente electrica que nos trespassa.
Gostei do que ouvi, gostei do que vi, gostei bastante de ti, e estou viva.
Cheguei a casa e fiz o que toda a gente faz. Saciei o corpo e a mente com a tua imagem e com a electricidade que voltaste a ligar dentro de mim.
Quero-te sem dúvida, muito mais do que um prazer imaginado, quero o prazer de estar a dois.
Começar de novo. Conquistar, romancear e até, quem sabe, talvez amar.